FILME: Os Incompreendidos

(Les Quatre Cents Coups, 1959)

Em 1959, o cinema Hollywoodiano, comercial de grandes produções e suas vertentes que germinavam com um modelo cinematográfico, irá observar o surgimento de um cinema autoral desprendido de amarras estabelecidas por produtores e produtoras.

Conhecido posteriormente como Nouvelle Vague, seu ponto inicial se deu com Os Incompreendidos de François Truffaut, crítico ferrenho da revista Cahiers du Cinema.

Filme auto-biográfico, é o primeiro longa de Truffaut. O primeiro de cinco filmes com o mesmo personagem Antoine Doinel, interpretado por Jean-Pierre Léaud.

François Truffaut citaria, ainda hoje com certeza, seu fascínio pelo filme. Um garoto que, desprezado por sua mãe, pensa em trabalhar para ganhar a vida e, entre outras coisas, odeia estudar.

Simples em roteiro, não? Mas, as imagens, seu movimento de câmera sutil, a sua tonalidade, e claro, tudo isso sem minimizar os diálogos fortes e com sentimento. Lhe dá uma sensação ainda hoje de algo novo e que ainda falta tanto no cinema atual.

Os Incompreendidos é um filme de fácil assimilação, um filme que se fosse mudo, ainda assim, traria o impacto das ações de seus personagens. Desde uma noite na prisão, o roubo de uma máquina de escrever, uma dama que perdeu seu animal no meio da noite, o flagrante de sua mãe com o amante... Aonde estamos? Diante de uma história, as vezes cômica, triste, e de uma verdade pessoal de libertação das lembranças do passado.

Por um breve período, o cinema do papai ( le cinema de papa), como era chamado os filmes da época pelos críticos da Cahiers, adormeceu. E hoje, infelizmente se encontra em sua melhor forma.

Traum Bendict

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