Estamos acompanhando pela televisão, pelos jornais, revistas e rádios o baque que os Estados Unidos, a maior potência mundial (em muitos sentidos, bons e ruins), está sofrendo por conta da crise financeira causada pelo colapso de alguns dos mais poderosos grupos econômicos do mundo que lidavam com investimentos arriscados em sistemas de hipotecas e empréstimos e que tem suas raízes naquele país. Crise que começou em meados do ano de 2007 por lá, logo se espalhou pela Europa e no final do ano passado chegou com toda força aqui no Brasil.
O novo presidente eleito pelo povo dos Estados Unidos da América, Barack Obama, veio como um símbolo para a quebra de barreiras arcaicas, de preconceitos e, mais que tudo, um símbolo de mudanças. Além disso, foi largada em suas mãos a tarefa de salvar seu país (e o mundo, por tabela) de afundar ainda mais na pior crise dos últimos tempos.
Acompanhamos, ainda, antes de Obama assumir de fato o governo Americano, o Bush Jr. soltando os cachorros, por assim dizer, tentando controlar o que não deveria ter acontecido e o que ele próprio não teve a competência de impedir, liberando milhões de dólares do Governo para ajudar os grupos financeiros que estavam em colapso, mas não adiantou muito, o estrago já estava feito.
Recentemente, já com Obama no poder, o país liberou mais e mais dinheiro para “salvar” as instituições financeiras, pois a crise, obviamente, refletiu diretamente na população, sobretudo no norte-americano da classe média que viu seu crédito diminuir, quase acabar, deixando de comprar as roupas de sempre, de viajar, enfim, de consumir!
Esses montes e montes de dólares que o Governo Norte-Americano está “dando” aos bancos e investidores, e assim, comprando grande porcentagem deles, assim ficando com certo um certo controle, pode não parecer, mas é uma atitude normal do sistema capitalista. É do interesse do Governo que essas instituições continuem de pé. Porém, com o Estado controlando as instituições financeiras, ditando as regras, podemos perceber ai uma dicotomia que vai contra os princípios do liberalismo/capitalismo, ou seja, a não intervenção do Estado na economia.
O interessante é que não há dicotomia nenhuma, só parece haver. O Estado, não só o Norte-Americano, como a maioria (ou praticamente todos) dos Estados Soberanos capitalistas deste planeta, vêm com políticas de intervenção há muito tempo. O próprio Estados Unidos já fez coisa parecida antes, depois da “grande depressão” de 1929 (quebra da bolsa Nova Yorke) adotou políticas de intervenção na economia para salvar o país e ditar os rumos. E vejam que curioso: tal política de intervenção do Estado em setores da economia feita no início do século passado, nos Estados Unidos chamada de New Deal idealizada pelo então presidente norte-americano Franklin Roosevelt, também foi adotada quase que simultaneamente pelo governo Nacional Socialista da Alemanha de Hitler após a primeira grande guerra.
Percebe-se que eles não deixarão de ser capitalistas e liberais por conta de o Estado estar estatizando os bancos e pegando para si os frutos ruins das farsas do próprio capitalismo. Não deixarão de pensar em lucros, expansão de mercado, políticas de investimentos e de especulação. É somente uma mão lavando a outra. Podemos crer, um pouco, que Obama tem os olhos mais voltados para uma certa igualdade, fraternidade. Entretanto, os bancos continuarão tendo seus donos irresponsáveis, seus empregados querendo alcançar metas absurdas, seus clientes sedentos por dinheiro. Continuará existindo os lucros (maquiados ou não), as parcelas exorbitantes de ganhos dos executivos esnobes e especuladores, a corrida para créditos e investimentos, para o consumo e aquisições. Nada vai mudar, somente irá diminuir a intensidade. Eles se adaptarão e temos que segui-los.
O mundo sofreu e ainda sofre com as escolhas feitas por um só país. Um país que acha que é o umbigo do universo. O dono de tudo e de todos. A potência protetora. Temos que esperar, mas não acredito que algo mude significativamente. O mundo continuará à mercê do Estados Unidos, pois, no sistema econômico em que vivemos, se ele quebrar, todos quebram junto, se eles pararem de consumir, milhões de pessoas perderiam seus empregos e outros milhões começariam a passar fome, e assim vai e vai e vai.
MUDANÇAS, você acredita nisso?
Wenndell Amaral
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