Canadá, 2003, Drama.
As Invasões Bárbaras é o segundo filme da trilogia (ou quase isso) iniciada com Le déclin de l'empire américain (O Declínio do Império Americano, 1986) e finalizada com L'âge des ténèbres (A Era da Inocência, 2007) do talvez pouco conhecido diretor canadense Denys Arcand.
Começo logo a bradar que, para quem não conhece o trabalho desse diretor, é uma ótima surpresa iniciar por As Invasões Bárbaras, mesmo que depois você possa vir a não gostar dos outros trabalhos dele.
O título do filme sugere algo que, num primeiro momento, não seria o que realmente é, ou pelo menos para mim foi assim. Claro, com um pouco mais de observação e entendimento pode-se dizer que tem muito ou total envolvimento com o desenvolvimento do filme, claro.
O longa narra a história de Rémy (que já é um personagem do diretor, do filme O Declínio...) que está à beira da morte e com dificuldades de aceitar seu presente perante todo o passado que teve, buscando encontrar uma paz interior, por assim dizer, e sem querer ele recebe a ajuda de seu filho ausente Sébastien, de sua ex-mulher e velhos e novos amigos.
O filme tem muito de ideológico. Como pode encotrar nos extras do Dvd, o diretor colocou muito de si nos personagens e em algumas cenas. Inclusive, há uma cena que narra exatamente um fato real que aconteceu com o próprio Arcand. O personagem principal, o mal-humorado e forte ideólogo professor Rémy, se mostra relutante com seu passado e com o que queria, com o que fez e não fez, com o que sabe e com o que importa. Há questionamentos, conflitos. Posso até adiantar: Seria Rémy a figura de uma coisa arcaica, ultrapassada e mal entendida: o comunismo/socialismo; e seu filho a figura do novo, do bem sucedido e “democrático”: o capitalismo/neoliberalismo? Há essa intervenção sociológica/humana/política que achei maravilhosa e muitíssimo interessante.
Sobre o título novamente, Invasões Bárbaras foi o nome dado aos movimentos de invasões dos povos germânicos às terras sob posse dos romanos em meados do século IV. Naquele período, os romanos tinham o costume de chamar esses invasores de “bárbaros”. Eles achavam que os invasores não tinham capacidade de assimilar a língua e os costumes romanos. Apesar dessa distinção, as invasões bárbaras foram responsáveis diretas por um intenso intercâmbio cultural que modificou profundamente a formação étnica, política, econômica, linguística e religiosa do mundo ocidental. E assim, influenciou toda concepção histórica a partir de então.
Entre vários prêmios, o longa ganhou os prêmios de melhor atriz (Marie-Josée Croze) e melhor argumento no Festival de Cannes; o Oscar de melhor filme estrangeiro e tem atuações belíssimas. O próprio diretor deixou claro que ele é, também, uma visão de como morrer feliz, se entendi direito.
Começo logo a bradar que, para quem não conhece o trabalho desse diretor, é uma ótima surpresa iniciar por As Invasões Bárbaras, mesmo que depois você possa vir a não gostar dos outros trabalhos dele.
O título do filme sugere algo que, num primeiro momento, não seria o que realmente é, ou pelo menos para mim foi assim. Claro, com um pouco mais de observação e entendimento pode-se dizer que tem muito ou total envolvimento com o desenvolvimento do filme, claro.
O longa narra a história de Rémy (que já é um personagem do diretor, do filme O Declínio...) que está à beira da morte e com dificuldades de aceitar seu presente perante todo o passado que teve, buscando encontrar uma paz interior, por assim dizer, e sem querer ele recebe a ajuda de seu filho ausente Sébastien, de sua ex-mulher e velhos e novos amigos.
O filme tem muito de ideológico. Como pode encotrar nos extras do Dvd, o diretor colocou muito de si nos personagens e em algumas cenas. Inclusive, há uma cena que narra exatamente um fato real que aconteceu com o próprio Arcand. O personagem principal, o mal-humorado e forte ideólogo professor Rémy, se mostra relutante com seu passado e com o que queria, com o que fez e não fez, com o que sabe e com o que importa. Há questionamentos, conflitos. Posso até adiantar: Seria Rémy a figura de uma coisa arcaica, ultrapassada e mal entendida: o comunismo/socialismo; e seu filho a figura do novo, do bem sucedido e “democrático”: o capitalismo/neoliberalismo? Há essa intervenção sociológica/humana/política que achei maravilhosa e muitíssimo interessante.
Sobre o título novamente, Invasões Bárbaras foi o nome dado aos movimentos de invasões dos povos germânicos às terras sob posse dos romanos em meados do século IV. Naquele período, os romanos tinham o costume de chamar esses invasores de “bárbaros”. Eles achavam que os invasores não tinham capacidade de assimilar a língua e os costumes romanos. Apesar dessa distinção, as invasões bárbaras foram responsáveis diretas por um intenso intercâmbio cultural que modificou profundamente a formação étnica, política, econômica, linguística e religiosa do mundo ocidental. E assim, influenciou toda concepção histórica a partir de então.
Entre vários prêmios, o longa ganhou os prêmios de melhor atriz (Marie-Josée Croze) e melhor argumento no Festival de Cannes; o Oscar de melhor filme estrangeiro e tem atuações belíssimas. O próprio diretor deixou claro que ele é, também, uma visão de como morrer feliz, se entendi direito.
Comentários
assiti este filme no início de 2006, me fez pensar bastante. A impressão que tive corrobora o que tão bem escreveu Helena Nery Garcez. Vai aí a sugestão: http://bit.ly/9Mkrku
Depois me diz (se puder ler) o que achou da crítica que ela fez.
Abraços,
Claudemir Leandro
Claudemir, a crítica que você fez referência é sublime. Não faz páreo com minha simples "dica" aqui.
O descaminho dos valores de nossa cultura citado pela autora é ainda mais acentuado, acho, no último filme do Arcand, A Era da Inocência, mas concordo completamente que é em As Invasões Bárbaras o ápice da lamentação por nossa cultura, fazendo até uma pararelo com um possível fim dela. Apesar de fazer menção na maioria das vezes somente a uma região, o Canadá, pode-se extender para nossa realidade também.
A relação com a religião/cristianismo é pertinente, pois é um tema que, mesmo que imperceptível para alguns, está lá em quase todos os minutos do filme. A crítica aos valores é válida? Acredito que sim.
Um abraço.
Claudemir, a crítica que você fez referência é sublime. Não faz páreo com minha simples "dica" aqui.
O descaminho dos valores de nossa cultura citado pela autora é ainda mais acentuado, acho, no último filme do Arcand, A Era da Inocência, mas concordo completamente que é em As Invasões Bárbaras o ápice da lamentação por nossa cultura, fazendo até uma pararelo com um possível fim dela. Apesar de fazer menção na maioria das vezes somente a uma região, o Canadá, pode-se extender para nossa realidade também.
A relação com a religião/cristianismo é pertinente, pois é um tema que, mesmo que imperceptível para alguns, está lá em quase todos os minutos do filme. A crítica aos valores é válida? Acredito que sim.
Um abraço.