A formação - ou não - de neurônios no cérebro humano ao longo da vida é
um dos assuntos que mais "queimam neurônios" dos neurocientistas. Há
evidências de que novas células neuronais são geradas em algumas
estruturas cerebrais até a vida adulta, mas a frequência com que isso
ocorre e a importância desse processo (chamado neurogênese) dentro da
fisiologia do cérebro como um todo são temas ainda pouco compreendidos
pela ciência.
Agora, em um estudo "bombástico" publicado na revista científica "Cell", pesquisadores revelam evidências diretas e inéditas de que neurônios são formados continuamente ao longo da vida no hipocampo, uma região do cérebro fortemente associada à memória e ao aprendizado. Mais especificamente, cerca de 700 novos neurônios por dia em cada hipocampo (o cérebro tem dois, um em cada hemisfério). O estudo foi feito com cérebros congelados (doados após a morte) de pessoas entre 19 e 92 anos, sob a coordenação de cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia.
Tão interessante quanto os resultados é o método que os pesquisadores desenvolveram para chegar até eles. Para determinar a idade dos neurônios e concluir em que momento da vida eles foram gerados, utilizou-se uma técnica de datação de carbono semelhante à que se usa na arqueologia e na paleontologia para datação de fósseis e objetos antigos.
Cientistas mediram no DNA de cada neurônio a concentração de carbono-14, um isótopo de carbono não radioativo produzido pela explosão de bombas atômicas na superfície, nos vários testes realizados durante a Guerra Fria nas décadas de 1950 e 1960. Comparando a concentração de carbono-14 nas células às concentrações de carbono-14 na atmosfera no passado, foi possível determinar em que ano cada neurônio foi gerado. Se um neurônio "nasceu" em 1995, mas a pessoa nasceu em 1965, por exemplo, isso significa que ele foi gerado na vida adulta.
O próximo passo é tentar determinar a importância dessa neurogênese nas funções cerebrais. Segundo cientistas, o fato de tantas células serem formadas continuamente sugere fortemente que elas têm um papel importante na manutenção das funções cognitivas do hipocampo ao longo da vida.
Agora, em um estudo "bombástico" publicado na revista científica "Cell", pesquisadores revelam evidências diretas e inéditas de que neurônios são formados continuamente ao longo da vida no hipocampo, uma região do cérebro fortemente associada à memória e ao aprendizado. Mais especificamente, cerca de 700 novos neurônios por dia em cada hipocampo (o cérebro tem dois, um em cada hemisfério). O estudo foi feito com cérebros congelados (doados após a morte) de pessoas entre 19 e 92 anos, sob a coordenação de cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia.
Tão interessante quanto os resultados é o método que os pesquisadores desenvolveram para chegar até eles. Para determinar a idade dos neurônios e concluir em que momento da vida eles foram gerados, utilizou-se uma técnica de datação de carbono semelhante à que se usa na arqueologia e na paleontologia para datação de fósseis e objetos antigos.
Cientistas mediram no DNA de cada neurônio a concentração de carbono-14, um isótopo de carbono não radioativo produzido pela explosão de bombas atômicas na superfície, nos vários testes realizados durante a Guerra Fria nas décadas de 1950 e 1960. Comparando a concentração de carbono-14 nas células às concentrações de carbono-14 na atmosfera no passado, foi possível determinar em que ano cada neurônio foi gerado. Se um neurônio "nasceu" em 1995, mas a pessoa nasceu em 1965, por exemplo, isso significa que ele foi gerado na vida adulta.
O próximo passo é tentar determinar a importância dessa neurogênese nas funções cerebrais. Segundo cientistas, o fato de tantas células serem formadas continuamente sugere fortemente que elas têm um papel importante na manutenção das funções cognitivas do hipocampo ao longo da vida.
Fonte: UOL
Conheça alguns mitos e verdades sobre o cérebro:
Quanto maior o cérebro, maior a inteligência. MITO: o tamanho não é
indicador desta qualidade. A massa encefálica de pessoas mais
inteligentes é bem parecida anatomicamente com a de qualquer um, pois o
peso e o volume cerebral não mostram variação significativa. "O que
ocorre é a presença de redes cognitivas mais eficientes, maior
velocidade de processamento e melhor estratégia para levar a cabo
determinada tarefa intelectual. Mesmo se compararmos o cérebro humano
com o de outras espécies, veremos que o tamanho não é sinal de
capacidade: elefantes e baleias têm este órgão bem desenvolvido e não
são mais perspicazes que os homens", explica o neurologista Leandro
Teles.
Beber demais causa danos ao órgão porque destrói neurônios. VERDADE:
inicialmente, o consumo exagerado de álcool leva a uma alteração
funcional sem perda de neurônios, iniciando um quadro clínico de
desatenção, desequilíbrio e confusão mental que, felizmente, é
reversível. "Com o passar dos anos e uso frequente e excessivo mantido,
ocorre diminuição da capacidade mental e atrofia cerebral, causada por
perda de neurônios e simplificação de suas cognições. Pode haver, ainda,
prejuízo indireto com carência vitamínica, traumas e outras
complicações relacionadas indiretamente ao vício", destaca o
neurologista Leandro Teles. A neurocientista Alessandra Gorgulho
salienta que a bebida promove a progressiva atrofia cerebral devido à
morte celular em áreas específicas, causando demência alcoólica, doença
também conhecida como Síndrome ou Psicose de Korsakoff. "Ela também está
associada a deficiências nutricionais. O sintoma mais proeminente é a
confabulação, ou seja, criação de histórias para compensar ou minimizar a
falta de memória".
O cérebro do homem é diferente do cérebro da mulher. VERDADE: isso
acontece por questões anatômicas, hormonais e culturais. O do homem é
maior, mais pesado e mais capacitado, de modo geral, para soluções
pragmáticas, raciocínio lógico e habilidades motoras. Já o feminino se
destaca em criatividade, intuição e questões sociais. "Não existe
superioridade global de um modelo sobre o outro, mas tendências e
limitações que os tornam diferentes", assegura o neurologista Leandro
Teles. Antonio de Salles, chefe do Centro de Neurociências do Hospital
do Coração, este é um tema controverso. "Do ponto de vista leigo,
podemos dizer que homens e mulheres processam algumas informações de
maneira distinta: elas são notórias por terem maior percepção de
detalhes e desenvoltura com a linguagem, enquanto eles são menos
detalhistas, porém mais diretos e sistemáticos na tomada de decisões,
com facilidade para o raciocínio geométrico e abstrato. E claro que,
mesmo com tais prevalências, há exceções. É bom deixar claro que essas
particularidades, além de não implicarem em superioridade de um sexo
sobre o outro, são necessárias na natureza para assegurar a
sobrevivência da espécie"
Só utilizamos 10% da nossa capacidade cerebral. MITO: tal número é
frequentemente citado sem nenhum embasamento científico. "O potencial do
órgão é incomensurável e ainda desconhecido em termos de quão longe a
inteligência humana pode chegar. Onde está o limite do que podemos
conquistar" Não há resposta para esta questão. Mas dizer que as pessoas
não utilizam o cérebro humano em sua totalidade não é verídico, e isso
está confirmado por todos os estudos científicos existentes", defende a
neurocientista Alessandra Gorgulho. Já o neurologista Leandro Teles
observa que o percentual ativado depende diretamente da atividade que
estamos realizando. "Durante um dia ou uma dinâmica complexa, certamente
acionamos praticamente todas as áreas cerebrais"
A prática de exercícios físicos favorecerá o cérebro na velhice.
VERDADE: trabalhos internacionais e nacionais mostraram relação entre
atividade física regular durante a vida e melhores índices cognitivos na
terceira idade. De acordo com o neurologista Leandro Teles, tal ligação
se dá mesmo entre pessoas que começam a mexer o corpo em idade avançada
e em pacientes com esquecimentos e formas iniciais de doença de
Alzheimer. "Portanto, ginástica ou esporte feito com seriedade protege o
cérebro e retarda e ameniza os sintomas de doenças degenerativas",
conclui o médico. Antonio Salles complementa informando que o órgão
emprega 15% do fluxo sanguíneo corporal e 20% do consumo de oxigênio do
corpo. "Quando nos exercitamos, aumentamos o fluxo sanguíneo cerebral, o
que leva a vários efeitos positivos: integridade dos pequenos vasos,
demanda sanguínea adequada para a área motora do cérebro, suprimento de
micronutrientes para o bom metabolismo de neurotransmissores e estímulo
para liberação de endorfinas responsáveis pelo bem-estar". E tem mais:
segundo a neurocientista Alessandra Gorgulho, estudo recente com jovens
estudantes irlandeses mostrou que, após o exercício, houve melhora em
tarefas relacionadas à memória. "Ficou evidente o aumento celular no
hipocampo, região do cérebro importante na manutenção da memória. Porém,
tal incremento parece ser efêmero, desaparecendo quando a ginástica é
abandonada. Portanto, os benefícios parecem ser semelhantes ao que se
observam nos músculos: eles são eficazes se regulares, realizados
habitualmente"
Exercitar o cérebro nos torna mais inteligentes. VERDADE: o órgão
melhora com a prática. Fica mais rápido, erra menos e cria atalhos
mentais. "A inteligência é um conjunto complexo de habilidades
cognitivas, fruto da genética e do ambiente", diz o neurologista Leandro
Teles, acrescentando que pessoas que exercitam a mente no cotidiano, no
trabalho ou mesmo com atividades recreacionais estão mais protegidas
contra sintomas de desatenção, esquecimentos e baixa do rendimento
intelectual. "Nossa cabeça surpreende muito com a prática: dominamos
idiomas e instrumentos musicais, revelamos habilidades artísticas e
outras particularidades", diz. Para o neurocirurgião Antonio Salles, o
constante exercício cerebral significa somar conhecimento, usar funções
estabelecidas e até desenvolver capacidades antes não presentes, como
falar uma nova língua.
Jogar videogame, damas, memória e cartas, por exemplo, aumenta o QI.
VERDADE: "Jogos com atividades mentais estimulam o raciocínio, a
concentração, a estratégia e a memorização. Muitos trabalhos conseguiram
elevação de QI com aplicação seriada dessas modalidades", assegura o
neurologista Leandro Teles. Antonio Salles, chefe do Centro de
Neurociências do Hospital do Coração, assina embaixo e afirma que a
capacidade de integrar conhecimentos está relacionada à atividade
constante da rede neural. "O processo é semelhante ao que acontece com
os músculos: eles se tornam mais capazes e ativos quando exercitados. Da
mesma forma, o treino mental aumenta nossa habilidade intelectual".
Algumas pessoas têm áreas do cérebro mais desenvolvidas. VERDADE: os
seres humanos são cognitivamente diferentes e, portanto, as áreas se
desenvolvem particularmente em cada um. "Há sujeitos excelentes em
matemática, outros são criativos, há os que se destacam na liderança ou
no domínio da linguagem, e assim por diante. Os cérebros mostram sempre
alguma individualidade que deveria ser explorada no encaixe profissional
e no desenvolvimento individual", sugere o neurologista Leandro Teles.
Exemplo: quando aprendemos uma segunda língua, o córtex cerebral na
região vizinha à língua mãe é recrutado para sediar as atividades
neurais que expressarão e entenderão o novo aprendizado, aumentando
assim a área da palavra. A isso se chama neuroplasticidade. "Estudos
sugerem que a rede sináptica é dinâmica durante todo o curso da vida.
Assim, redes que não são estimuladas tendem a empobrecer e atrofiar. Por
outro lado, as que são amplamente empregadas se hipertrofiam, ou seja,
há novas conexões com outros neurônios e ligações mais robustas entre as
partes do cérebro envolvidas no processamento da tarefa específica. Por
isso, é importante usar o cérebro incansavelmente", explica a
neurocientista Alessandra Gorgulho.
Viver sob tensão é meio caminho andado para perder memória. VERDADE:
tensão, ansiedade, estresse e sobrecarga de afazeres são grandes
inimigos da memória. Tal capacidade não é uma função mas, sim, um
processo. "É fundamental perceber o estímulo, atentar para ele, atribuir
um grau de importância, memorizá-lo, criar um rastro para encontrá-lo.
Em outras palavras, trata-se de um mecanismo sequencial e sensível a
muitos ruídos. A tensão reduz o foco, a concentração e altera o sistema
logo no começo", adverte o neurologista Leandro Teles. Um estudo
realizado em 1996 na Universidade de Trier, na Alemanha, submeteu 13
indivíduos a um teste de estresse em que seriam medidos seus níveis de
corticoides (hormônio produzido pela glândula suprarrenal em situações
de nervosismo). Os participantes que exibiram os níveis mais altos de
corticoide obtiveram os piores resultados no teste de memória.
Os bebês desligam as conexões neurais que não utilizam. VERDADE: eles
apresentam um sistema nervoso em franco desenvolvimento. O
amadurecimento cerebral depende da carga genética, da nutrição e dos
estímulos externos. Se privarmos o pequeno de luz nessa fase, as vias da
visão não se desenvolvem adequadamente. O mesmo ocorre com outras
privações. "É fundamental nutri-lo, então, com incentivos adequados,
inclusive sociais e emocionais, para garantir um desenvolvimento pleno e
saudável", ensina o neurologista Leandro Teles. A neurocientista
Alessandra Gorgulho concorda. "O cérebro de um recém-nascido ou bebê é
como uma esponja: toda informação que chega é absorvida e processada.
Conforme o tipo de fomento e a frequência dos mesmos, ele cria mais ou
menos sinapses. Assim, menores incitados em sua curiosidade natural,
educados em um ambiente onde outros indivíduos lhes dedicam atenção,
absorvem mais aquisições e de maneira mais rápida do que uma criança que
é negligenciada e, consequentemente, exposta a pouca informação".
Usar drogas prejudica o funcionamento cerebral. VERDADE: drogas agem
negativamente na atividade cerebral. O prejuízo dependerá, obviamente,
do tipo de droga, da forma de uso e da quantidade e frequência. "Mas
todas, de modo geral, geram alterações imediatas nas redes neurais,
provocando perturbação aguda e crônica do funcionamento do órgão e
levando à dependência física e psíquica", considera o neurologista
Leandro Teles. "A área relacionada ao prazer é ativada de maneira
compulsiva. E, uma vez estabelecida a dependência, o mecanismo cerebral
será afetado. Além disso, no caso de drogas ilícitas, o paciente
apresentará outros sintomas relacionados à dependência química",
completa o neurocirurgião Antonio Salles.
O cérebro precisa descansar, por isso não é recomendável estudar pouco
antes de uma prova. VERDADE: dar esse intervalo, aliás, é fundamental
para quem busca atividade intelectual de excelência. No caso de provas,
vale cumprir as metas de estudo a tempo suficiente para descansar, sem
culpa, no dia anterior e no próprio dia do exame. Com isso, esclarece o
neurologista Leandro Teles, o cérebro fica apto a exercer toda sua
capacidade estratégica e de evocação necessária na resolução das
questões. "Estudar em cima da hora traz ansiedade, cansaço e baixa de
rendimento na hora H". Para a neurocientista Alessandra Gorgulho, uma
noite bem dormida prepara a cabeça para tarefas complexas. Estudos da
Universidade da Califórnia em San Diego, publicados nas revistas
"Neuroreport", "Nature" e "Journal of Sleep Research" mostraram que
quando o cérebro está privado do sono, ou simplesmente cansado, sua
habilidade de integrar fica diminuída. "Não é recomendável usar a
reserva antes, mas sim começar a prova contando com sua completa
capacidade para acionar todo o conhecimento adquirido. No dia mesmo, o
melhor é confiar no que já se sabe".
A dor reside no cérebro e pode ser controlada. VERDADE: a dor é uma
criação cerebral. O que ocorre é que a percepção de lesão, em alguma
parte do corpo, é interpretada pelo cérebro como dor, sinalizando o
organismo de que deve tomar uma providência para evitar o agravamento do
quadro. Alguns medicamentos, como os analgésicos, alteram a assimilação
cerebral da dor, reduzindo sua manifestação. Ou seja: a informação
sensitiva da dor é captada na periferia (pele, dente etc) e transmitida
ao cérebro pela medula espinhal. A informação leva, então, a uma reação
motora protetora. Exemplo: a pessoa coloca o dedo em uma superfície
quente e o retira em milésimos de segundos. "Tal comportamento
instantâneo é mediado na medula espinhal de modo que, antes mesmo do
total processamento do dado pelo cérebro, o arco reflexo medular
resolveu o problema de maneira extremamente eficaz, evitando o aumento
da lesão, neste caso, a queimadura", destaca o neurocirurgião Antonio
Salles.
O cérebro humano é o maior de todos. MITO: existem animais com cérebros
maiores e mais pesados. "O ser humano tem, no entanto, uma excelente
relação entre a dimensão do mesmo perante o tamanho do corpo. Essa
medida é um indício de maior inteligência. Um elefante, por exemplo, tem
um cérebro maior do que o humano, mas uma relação cérebro-corpo ruim",
explica o neurologista Leandro Teles. Para você saber: o cérebro humano é
o quarto em peso e, entre todos os animais, ocupa a maior percentagem
do peso corporal (PC), 2% da massa. O peso do cérebro humano, de 1,4 kg,
perde para o da baleia (7,8 kg, 0.06% do peso corporal), do elefante (6
kg, 0.08% PC) e do golfinho (1,5 kg, 0.3% PC).
Lesões no cérebro são permanentes. PARCIALMENTE VERDADE: na maioria dos
casos, não. Tudo depende do tamanho, da causa, da idade do acometimento e
da localização da lesão. "Felizmente, na maioria das vezes, a lesão não
atinge em cheio o centro da área responsável por determinada função.
Com isso, o deficit neurológico pode ser reversível com o tempo e
reabilitação adequada", salienta o neurologista Leandro Teles. Por outro
lado, há problemas que deixam uma cicatriz permanente no órgão, como
disfunções produzidas por isquemia (falta de oxigenação),
hemorragias/hematomas, tumores, lesões por radiação e quimioterapia.
"Mas existem mecanismos compensatórios que tentam anular ou minimizar o
estabelecimento destes males. Áreas adjacentes podem suprir a função de
outras prejudicadas minimamente. E isso sem falar que, às vezes,
tomografias e ressonâncias identificam uma anormalidade que, no entanto,
não se traduz clinicamente em nenhum sintoma neurológico", completa o
neurocirurgião Antonio Salles.
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